E de onde surgiu a ideia da primeira rota de férias alemã? Ninguém consegue responder a esta pergunta. Mesmo quem mora entre Würzburg – as margens do rio Reno – até Füssen – aos pés dos Alpes, desconhece quem foram os fundadores deste percurso.
Na zona alemã de ocupação norte-americana do pós-guerra houve um aumento na esperança de um futuro melhor, graças ao turista estadunidense. Os soldados americanos que cuidavam da região alemã ocupada começaram a passar férias com seus familiares nessas localidades. A Rota Romântica se desenvolveu e já possui, inclusive, letreiros em japonês.
Os idealizadores deste itinerario, quando se reuniram em Augsburg, queriam recriar a Alemanha como destino turístico depois das desgraças provocadas pelo terror hitlerista. A intenção deles era que todos turistas estrangeiros tivessem uma imagem positiva do país. Com as belas cidades medievais ao longo da Rota Romântica era possível mostrar uma nação alegre, multifacetária e imersa na história da União Europeia.
A rota de férias alemã mais conhecida no mundo é a Romântica. Uma pesquisa realizada na década de 90, por exemplo, detectou que 93% dos japoneses já haviam ouvido falar nela e desejavam conhecê-la.
Mas o que é a Rota Romântica? É a conexão de duas dezenas de belas comunidades no sul da Alemanha. Entre os mais populares destinos turísticos ao longo deste itinerário estão Rothenburg ob der Tauber, a cidade barroca Würzburg, Füssen, Augsburg e Dinkelsbühl. Aqueles que já viajaram por, pelo menos, duas vezes ao longo deste trajeto acrescentam, certamente, outros destinos como Nördlingen Landesberg, Bad Mergentheim e Feuchtwangen.
Ao longo do trecho sul da Rota podem ser encontrados vestigios dos romanos, considerados os verdadeiros criadores deste caminho turístico. A intocada Via Cláudia, construída pelos romanos, segue de Füssen a Augsburg, ao longo do rio Lech. Em 47 a.C. foi delineada a Via Claudia Augusta pelos vales alpinos de Reschen e Fernpass por Füssen até Augsburg, seguindo posteriormente o curso do rio Danubio.
Como tudo começou
A história da Rota Romântica
Em 1950 começou a Guerra da Coreia. O presidente norte-americano Harry S. Truman ordenou a construção da bomba de hidrogénio, Jerusalém tornou-se a capital de Israel e a Índia foi oficialmente proclamada uma República.
E a Alemanha? Na recém-formada República Federal, os cartões de racionamento emitidos desde 1939 foram definitivamente abolidos. O “milagre económico” permitia um crescimento contínuo do nível de vida, mas apesar disto, era uma época de contradições: por um lado o belo novo mundo consumidor, por outro lado, as cidades ainda destruídas, consequência de uma guerra devastadora despoletada pelo criminoso regime nazi.
Uma estrada como porta-estandarte
Hoje em dia, designaríamos aquilo que o criador da Rota Romântica tinha em mente como uma conservação ativa de imagem. Quando, em 1950, a rota turística entre Würzburgo e Füssen foi oficialmente inaugurada, o objetivo era ela ser o porta-estandarte de uma Alemanha amigável muito distante do terror hitleriano e das pilhas de escombros. Uma rota com riqueza cultural e histórica onde as cidades medievais, as casas com treliças, os castelos, as paisagens suavemente montanhosas e as vinhas surgem sucessivamente, como pérolas num colar. Uma viagem por um país aberto, simpático e estreitamente associado à história europeia.
GIs on the Road
Tratou-se de um empreendimento corajoso em muitos aspetos, mas que surtiu efeito: os soldados americanos foram os primeiros a fazer férias na “Romantic Road”. Quiseram mostrar às suas famílias onde tinham estado em missão e ficam impressionados com a paisagem medieval em Rothenburg e Dinkelsbühl, com o encantador vale do Tauber, com o Palácio da Ordem Alemã em Bad Mergentheim, com a pitoresca paisagem do Pfaffenwinkel.
Viagem romântica com selo de garantia
Não há nenhuma das cerca de 200 rotas de férias alemãs que seja tão conhecida como os 460 quilómetros que separam o Meno dos Alpes. Há vários anos que está permanentemente no top dos destinos de férias dos visitantes e homónimos estrangeiros no Brasil, Coreia do Sul e Japão.
Hoje em dia, milhões de pessoas visitam todos os anos a Rota Romântica que também faz jus ao seu nome como grande rota de caminhada e de ciclismo. Alguns fazem apenas alguns troços, outros param em cada uma das 29 localidades para admirar a igreja em Creglingen e a Wieskirche em Steingaden, aproveitar a vista sobre Wertheim desde o castelo ou sobre Neuschwanstein desde a ponte de Maria, sobre os jardins em Rain e sobre a paisagem de condado em volta de Wildsteig. Mas seja por quanto tempo for, quem se faz à estrada é amplamente recompensado. Com cultura, lazer e, claro, romantismo na sua forma mais pura.
Viagem romântica no tempo
O Presente e o Passado
Não se cria uma rota turística todos os dias. Em 1950 surgiam os primeiros frutos do milagre econômico alemão. O ingresso do cinema custava apenas uma moeda de um marco e quem tinha carro próprio era considerado bem-sucedido na recém-criada República Federal da Alemanha.